sábado, 12 de maio de 2012

Produção de joias artesanais ajuda a consolidar a marca Pará

Expressar em uma joia a história de uma região, com sua riqueza natural e cultural, utilizando uma linguagem universal. Com essa proposta, a consultora do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) e designer de joias Adeguimar Arantes ministrou, na tarde desta sexta-feira, 11, no auditório do Espaço São José Liberto, palestra sobre processo de produção e uso de matéria prima alternativa com identidade regional, mas mantendo a concepção universal de joalheria.

O evento faz parte do ciclo de palestras sobre design e mercado do Projeto de Gemas e Joias do Pará, que o Polo Joalheiro promove desde sua criação, por meio de uma parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae/PA). Destinado a designeres, ourives, lapidários e demais profissionais do setor, vinculados ao Polo Joalheiro do Pará.
Promovida pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), que gerencia o Espaço São José Liberto, onde funcionam, além do Polo Joalheiro, a Casa do Artesão e o Museu de Gemas do Pará, a programação de capacitação profissional têm por intuito superar desafios e melhorar resultados na cadeia produtiva do setor de gemas e joias do Pará, ampliando a produção joalheira artesanal.
Além dos conhecimentos sobre técnicas e novas tendências mercadológicas, a troca de experiências é outro fator marcante do projeto Polo Joalheiro. Natural de Goiânia (GO), Adeguimar Araújo contou que já conhece o trabalho dos designers paraenses, por meio de exposições, da divulgação pela imprensa e de visitas ao São José do Liberto, além do acompanhamento das ações do Projeto de Gemas e Joias do Pará.
Diversidade - Trabalhar a joia universal com matéria prima regional, segundo Adeguimar Araújo, passa por um processo de escolha do tema, de uma pesquisa aprofundada sobre o assunto e, posteriormente, pela seleção das informações mais relevantes, que possam ser inseridas e absorvidas com prazer e sem sobrecarga no cotidiano das pessoas. “Utilizo os materiais necessários para me expressar pela joia”, resumiu.
Adeguimar Araújo disse que conhece a variedade de matéria prima característica do Pará, com a qual já trabalhou, via Fundação Nacional do Índio (Funai), como as fibras de buriti torcidas em colares e braceletes, os chifres de búfalo, as folhas de cupuaçu, cuias de tacacá, caroços de açaí, sementes de jarina e tucumã, e ouriço de castanha-do-pará. “Gosto muito da pedra esmagada com resina, aplicada nos pássaros (nas peças em formato de pássaros). Penso que sobrepõem, em muito, o esmalte. Amo a fibra de tururi da Região Norte e o sachê (de patchouli)”, destacou.
Universalização – A maior contribuição, para o conceito de sustentabilidade, da diversidade da matéria prima existente no Brasil e sua utilização em joias artesanais, segundo Adeguimar é a difusão destas matérias primas e suas possibilidades para outras formas de produção, em serviços e produtos. “Quando estas matérias primas são apresentadas com sua história e origem, elas contribuem sobremaneira para o conceito”, ressaltou.
Nas indústrias, afirmou a designer, há um diferencial, associado ao preenchimento de todos os requisitos demandados por cada mercado específico. A joia de arte é uma construção da marca em exposições e eventos. “Ela faz a passarela e recebe o reconhecimento necessário para se manter no Pará, um tremendo mercado interno que está atraindo marcas de luxo, há séculos consolidadas lá fora”, destacou, concluindo que quando o designer insere em suas criações “sua cultura, seu modo de vida, formas, cores, cheiro e tudo o mais que seus contemporâneos sonham, ele terá mercado universal”.